quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Relatório dos estudos dirigidos (seminários da disciplina Linguística II):





No dia 11 de novembro o professor Cezinaldo realizou o encaminhamento de estudos dirigidos para a apresentação pública de debate e para isso, a turma foi dividida em quatro grupos que ficaram  com assuntos diferentes para apresentação dos seminários e responsáveis pela leitura e condução do debate/discussão. Na apresentação, cada grupo ficou encarregado de formular três perguntas para os demais grupos, bem como  da elaboração roteiro da apresentação. O envolvimento e a participação nas discussões seriam considerados critérios de avaliação.

No dia 18 de novembro foram realizadas as apresentações do 1º e do 2º grupo.

Grupo: Carla, Cinthia, Bruna, Vanessa e Gustavo

O grupo ficou responsável pela a apresentação do texto “O que é mesmo a informatividade do texto?” de Irandé Antunes no livro “Texto e ensino: outra escola possível”. São Paulo: Parábola Editorial, 2009, p. 125-140. O grupo apresentou na segunda aula devida alguns imprevistos, na qual utilizaram uma apresentação de slide para auxiliar na transmissão dos conteúdos e também inseriram outras informações da internet. Cada integrante do grupo lia os slides e o que considerava mais importante explicava para os colegas. O professor Cezinaldo, no momento que era mais cabível, fazia suas colocações com a finalidade de proporcionar melhor assimilação do assunto em questão. Inclusive o mesmo questionou sobre a definição de informatividade dada pelo grupo visto que era diferente do que Antunes propõe. 

Durante a apresentação  os integrantes demonstravam  falta de confiança em si mesmo, pois ficavam muito presos a leitura que faziam, além de uma postura inadequada de um integrante desse grupo (sentado) em virtude do papel que estava exercendo naquele momento. Os mesmos não elaboraram o handout e nem os questionamentos, esses últimos por afirmarem que não tinham conhecimento deste critério. 

Grupo: Auricélio, Cleide Alane, Priscilla, Lídia e Tatiana.

O grupo ficou responsável pele a apresentação do texto “A intertextualidade” de . 2. ed. 2º reimpressão. São Paulo: contexto, 2008, p.183-214. Os integrantes do grupo apresentaram os dois tópicos (intertextualidade e polifonia x intertextualidade) através de slides nos quais inseriram exemplos de outras fontes para facilitar a compreensão do assunto por parte dos colegas. Como por exemplo, músicas, poemas que apresentam intertextualidade implícita e explícita, bem como de polifonia através de slogans. Nesse último, apresentaram o conceito de polifonia do texto e ainda um complemento com o conceito de Bakhtin (além de ser as várias vozes presente na atividade verbal do texto elas precisam se contradisserem, conforme este último)

No decorrer da apresentação o professor participava complementando algumas informações dadas pelo grupo, que foram de suma importância para entender o assunto. Este grupo elaborou um handout da apresentação e também os seguintes questionamentos:  

      Em que consiste o Detournement?
     Que tipo de intertextualidade apresenta esse texto (usado na apresentação)?
     Onde se encontra a polifonia do gênero reportagem?

No dia 30 de novembro foram realizadas as apresentações dos grupos 3 e 4.

Grupo: Alane  Cristina, Ana Dalete, Francinaldo, Larici e Verônica

O grupo apresentou o texto: “gêneros textuais” inseridos no livro de Koch e Elias “Ler e Compreender os sentidos do texto”. 2.ed. 2º reimpressão. São Paulo: contexto: 2008, p.101-122. Os membros explicaram os seguintes tópicos: gêneros textuais (uma visão geral do assunto), composição, conteúdo e estilo, gêneros textuais e intergenericidade e gêneros textuais e heterogeneidade tipológica. Foi elaborada uma apresentação de slide em que focalizava as informações mais relevantes do texto, bem como os exemplos. Cada integrante lia as informações dos slides e explicava de acordo com sua compreensão do texto e os conhecimentos prévios adquiridos como, por exemplo, de textos trabalhados no período anterior de Marcuschi.

No decorrer da apresentação o professor Cezinaldo fazia suas colocações sobre o assunto da mesma maneira que havia feito nas dos grupos anteriores. No entanto teve um momento que ele antecipou-se, isso aconteceu quando uma aluna apenas tinha feito a introdução do assunto que iria apresentar (hibridização de gêneros textuais) e o professor explicou praticamente todo o assunto, mas a apresentação prosseguiu normalmente. Esse grupo  realizou os seguintes questionamentos:

      Qual a função dos gêneros textuais?
      Qual a diferença entre tirinhas e quadrinhos?
      O que o blog e o e-mail estão substituindo?

Grupo: Edineide, Jorge, Josiene e Samara

O grupo apresentou o artigo “o texto e a interação Verbal” de Luciene Fontão, in: linhas, Florianópolis, v. 9, n. 1 p.129.145.jan/jun.2008. Devido o mesmo ser constituído de quatro tópicos, cada integrante apresentou um. Nos quais eram: Bakhtin e a interação verbal, o ensino de língua (gem) e gramática  na escola, o papel do texto no ensino de língua (gem) e gramática e o texto e a análise linguística. Assim como os grupos anteriores este também elaborou uma apresentação de slide com os aspectos mais relevantes do texto, na qual realizavam a leitura e a explicavam de acordo com o propósito do artigo. O professor também complementava as idéias que o grupo transmitia quando considerava que era importante.
O grupo demonstrou domínio do conteúdo e como foi bem explicado, acreditamos que nos repassaram a essência do artigo, isso é, a idéia central. Eles realizaram os questionamentos:

      O que é preciso para que o aluno entre em contato com o mundo e com a língua?
     Qual é a macroestrutura do conto?
      Como é que o processo de interação verbal pode contribuir para o ensino de língua inglesa?

Os demais que assistiam a apresentação responderam estas perguntas (assim como as outra feitas pelos grupos anteriores) e nesse último questionamento o professor retomou a resposta dada pelos alunos e completou com exemplos que abordavam a importância de o professor ter conhecimento do processo de aprendizagem do aluno.

Em virtude dos aspectos mencionados, podemos afirmar que cada grupo contribuiu de maneira eficaz para o cumprimento das atividades propostas, visto que se esforçou para transmitir o assunto proposto para os colegas. Foi muito importante a questão dos debates, pois incentivou os alunos a prestar mais atenção nas apresentações tendo em vista que posteriormente iriam responder os questionamentos.
 

Resenha crítica do livro: “A articulação do texto”



                    

                          GUIMARÃES, E. A articulação do texto. 10. ed. São Paulo: Ática.


No livro “A articulação do texto” de Elisa Guimarães, se encontra um conteúdo bastante informativo sobre os constituintes do texto e suas funções dentro do mesmo. Nesta obra a autora almeja apresentar para seus leitores que um texto não deve somente constituir-se apenas de conexões entre seus segmentos, mas também das relações exterio0res a ele. Para atingir este propósito a mesma desenvolve um estudo no qual relaciona e conecta os dois níveis de articulação do texto: o semântico e o sintático. Para fundamentar as informações, ela mostra fragmentos de textos e cita no decorrer do livro muitos autores como: Holliday e Hansan, Charles Bally, Van Dijk, entre outros.

O livro é dividido em oito capítulos e constituído de oitenta e oito páginas. O mesmo separa os assuntos através de tópicos.  O assunto focalizado é sempre os elementos que são responsáveis pela construção da globalidade da estrutura e do sentido do texto. A autora cumpre de maneira concisa o que foi proposto da introdução do livro e conclui retomando informações abordadas no decorre do mesmo.  Nesse, a autora utiliza a linguagem culta, presa e coerente.

Dentre os múltiplos mecanismos do texto, têm-se as análises em torno daqueles que contribuem para sua significação, que são: aos referentes textuais e os situacionais, nos quais dentro dos referentes se encontra os contextos intratextuais imediato e o contexto intratextual acumulado. No caso do primeiro, Guimarães conceitua-o como um segmento textual que tanto pode anteceder como proceder outro segmento. O contexto intratextual acumulado é a presença de muitas informações distribuídas ao longo do texto. A mesma deixa claro que é através do contexto que conseguimos produzir um texto e que não se consegue compreender um contexto por meio de um texto. Assim, ela aponta o contexto e a situação como responsáveis pelo sentido global do texto.

Conforme a referida autora, a significação de um texto só atinge sua plenitude com a sua relação com a situação de interação dentro do contexto que se insere. Então a mesma conceitua texto como o englobamento de relações ente os sintagmas de qualquer sistema linguístico, há no mesmo capítulo vários exemplos que ela aponta como texto. No livro constata-se a presença de várias tipologias: descritiva, narrativa e dissertativa, nas quais a autora exemplifica cada uma dessas analisando sua superestrutura e mostrando sua importância dentro da atividade textual. Esta superestrutura (estrutura global do texto) mantém uma relação muito ampla com a macroestrutura (plano semântico global do texto).

O modo como o livro foi organizado (topicalizado ) facilita parcialmente a compreensão e a leitura do texto. Os assuntos abordados pela autora facilitam a assimilação de como deve ser articulação de um texto, que como foi mostrado, depende de vários fatores textuais e as estruturas podem variar de um texto para outro, sendo comportadas ou difusas. Esta última dificulta a leitura por ser elaborada de maneira invertida e autora apresenta exemplos para aprofundamento que geralmente é necessária muita leitura para a compreensão da maioria deles.

No entanto, antes do estudante lê esse livro recomendamos a leitura de outros textos que abordem esse mesmo assunto de maneira mais detalhada, tendo em vista que o esse livro apesar de ser muito informativo é também complexo no teor de suas informações. Como,  por exemplo, ler os texto “Princípios de construção textual dos sentidos” e “Gêneros textuais” de Koch,” A coesão do texto – como de faz?" e “o que é mesmo a informatividade do texto?” de Irandé Antunes, entre outros que abordem os elementos de construção da textualidade. Dessa forma, ao deparar-se com as informações do livro de Guimarães o mesmo já possuirá um conhecimento prévio do assunto, o que facilitará bastante sua compreensão.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Análise da música " Monte Castelo " de Legião Urbana (que tem como compositor Renato Russo) de acordo com os princípios de textualidade: a intertextualidade e a intencionalidade.



De acordo com os conteúdos abordados em sala de aula sabemos que a intertextualidade é a relação que um dado textos tem com outros textos anteriormente criados, o que proporciona a seus leitores uma recapitulação de assuntos presentes em sua memória. Esse princípio da textualidade se apresenta de duas maneiras: explícita (constata-se a menção do texto base) e implícita (não faz menção do texto base, mas com um bom conhecimento é possível reconhecer  o texto fonte através das marcas textuais que o autor deixa).  No caso da intencionalidade se refere às intenções que o autor do texto tem para com seu destinatário.
 
A música a ser analisada nesses princípios é “Monte Castelo” de Renato Russo. Ela é um diálogo com o texto bíblico “O amor é um dom supremo’’ escrito pelo apóstolo Paulo à Igreja de Coríntios (que fala da sublimidade do amor como sentimento puro, verdadeiro e generoso) e o soneto de Camões “amor é um fogo que arde sem se ver” (que apresenta o amor existente entre homem e mulher). Além disso, analisando a música em seu contexto histórico percebemos que o seu nome também é um fator de intertextualidade, visto que nessa época ocorreram as Guerras Mundiais (I e II) e foi na Segunda Guerra Mundial que aconteceu a batalha de Monte Castelo (Itália), na qual a força expedicionária Brasileira (FEB), conhecida também como “os pracinhas", teve participação obtendo êxito apesar de seus soldados terem, em sua maioria sido dizimados.

Nesse caso, constatamos a presença de outro princípio de textualidade : a intencionalidade. O compositor conseguiu realizar esse diálogo entre o texto e o soneto que falam do amor de maneiras bastante distintas, com o intuito de mostrar que esse sentimento se realiza nas ações do homem e que apesar de manifestar seu lado puro também  é repleto de sofrimento e dor.  Ou seja, ele fala do amor existente entre  as pessoas em geral e que sua ausência provoca conflito entre as nações destruindo vidas e os sonhos daqueles  que esperam por dias de paz e justiça.

Essa música apresenta a intertextualidade implícita no 3º e 4º verso (ele molda fragmentos da carta escrita pelo apóstolo Paulo) e explícita nos demais fragmento da música (o compositor faz recortes dos dois texto em questão). Renato coloca trecho na música suas  próprias palavras o seguinte trecho: " É só o amor, é só o amor. Que conhece o que é verdade" e " Estou acordado e todos homens dormem todos dormem. A gora vejo em parte. Mas então veremos face a face". No qual fala dos homens que se envolveram no conflito, tanto dos sobreviventes como dos que morreram.


                                                                 Legião Urbana
                         
                         Monte Castelo                                                              
                                                                          
                                             Ainda que eu falasse
                                             A língua dos homens
                                             E falasse a língua dos anjos,
                                             Sem amor eu nada seria.

                                             É só o amor! É só o amor
                                             Que conhece o que é verdade.
                                             O amor é bom, não quer o mal,
                                             Não sente inveja ou se envaidece.

                                             O amor é o fogo que arde sem se ver;
                                             É ferida que dói e não se sente;
                                             É um contentamento descontente;
                                             É dor que desatina sem doer.

                                             Ainda que eu falasse
                                             A língua dos homens
                                             E falasse a língua dos anjos
                                             Sem amor eu nada seria.

                                              É um não querer mais que bem querer;
                                              É solitário andar por entre a gente;
                                              É um não contentar-se de contente;
                                              É cuidar que se ganha em se perder.

                                              É um estar-se preso por vontade;
                                              É servir a quem vence, o vencedor;
                                              É um ter com quem nos mata a lealdade.
                                             Tão contrário a si é o mesmo amor.

                                              Estou acordado e todos dormem.
                                              Todos dormem. Todos dormem.
                                              Agora vejo em parte,
                                              Mas então veremos face a face.

                                              É só o amor! É só o amor
                                              Que conhece o que é verdade.

                                              Ainda que eu falasse
                                              A língua dos homens
                                              E falasse a língua dos anjos
                                              Sem amor eu nada seria.
                                              -----------------------------------------




Apóstolo Paulo
                                                              
                                                          
O amor é um dom supremo (Coríntios I, cap. 13; vers.1 a 13)

                                                                                                     

1- Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2- E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
3- E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
4- O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
5- Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
6- Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
7- Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta;
8- O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo      ciência, desaparecerá;
9- Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
10- Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
11- Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
12- Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
13- Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.              

                                                         ------------------------------------------

 Luís vaz de Camões
                                                        
                                             Amor é fogo que arde sem se ver 
                                               
     
                                               Amor é fogo que arde sem se ver,
                                               é ferida que dói, e não se sente;
                                               é um contentamento descontente,
                                               é dor que desatina sem doer.

                                               É um não querer mais que bem querer;
                                               é um andar solitário entre a gente;
                                               é nunca contentar-se de contente;
                                               é um cuidar que ganha em se perder.

                                               É querer estar preso por vontade;
                                               é servir a quem vence, o vencedor;
                                               é ter com quem nos mata, lealdade.

                                              Mas como causar pode seu favor
                                              nos corações humanos amizade,
 
                                              se tão contrário a si é o mesmo Amor?



                                   
        

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Fichamento de resumo:



                                          
                                      Repensando a textualidade*

                                                                 Maria da Graça Costa Val (FALE/UFMG)


O texto “repensando a textualidade de Maria Costa Val se trata de estudos voltados para o campo da textualidade. A autora propõe a elaboração de uma nova concepção de textualidade que considere as contribuições provindas da Pragmática, das teorias da enunciação, Análise do Discurso e da Conversação, bem como da língua falada. Com o intuito de repensar conceito elaborado no princípio da Linguística Textual, na qual essa seria o conjunto de mecanismos que fazem com que o texto não seja apenas um amontoado de frases. Para o referido propósito, a mesma apresenta de maneira breve as tendências importantes nos estudos de textos e discussões de conceitos constitutivos de textualidade, enfatizando as meta-regras.

Val cita Maria-Elizabeth Conte que por sua vez indica as três vertentes que contribuíram para a constituição da Linguística Textual. A primeira é o estudo da seqüência dos enunciados do texto (coesão), já que existem fenômenos que ultrapassam os limites da frase. A segunda apresenta como prioridade a estruturação semântica (coerência). A terceira vertente tipológica é a de promover a existência de teorias que o aspecto pragmático do texto tenha relevância, isto é, uma produção textual que seja  construída a partir de um contexto sob a ação de usuários.

Val ainda mostra divergência entre os teóricos Halliday & Hansan (1976) e Marcuschi, na qual esses primeiros afirmam que não existe texto sem coesão e para o segundo, a coesão não é nem necessária nem suficiente para a textualidade. Posição essa que também assumem Koch & Tranvaglia (1989), Koch (1989, 1997) afirmando que para haver textualidade basta que o texto contenha a coerência. A referida autora realiza discussões sobre os sete princípios de construção da textualidade criados por Beaugrande & Dressler, considerando que os autores não focalizam o texto como produto, mas como processo. São: a coesão e a coerência (centrados no texto), a intencionalidade e a aceitabilidade (relacionados com as atitudes, objetivos e expectativas do receptor), a informatividade (diz respeito ao conhecimento e as expectativas dos usuários), a situacionalidade (se concerne como a maneira que os usuários interpretam o texto relacionando-o com a situação de ocorrência) e a intertextualidade (compreensão e produção do texto a partir de outros textos). Esses princípios funcionam completamente com os três agentes reguladores: a eficiência, a eficácia e a adequação, que têm a função de interrelacionar os mesmos de maneira que um determinado texto seja satisfatório para os usuários dentro de uma determinada situação ou das circunstâncias que é produzido e interpretado.

Costa Val dá ênfase as quatros meta-regras criadas por Charroles devido ele considerar que não é conveniente separar a coerência e a coesão na atividade textual. As mesmas são responsáveis pela articulação dos elementos da constituição semântica e formal do texto condicionando o funcionamento do mesmo à situação de interlocução. A primeira meta-regra é a de repetição (a linearidade do texto se dá por retomadas pronominais), a segunda é a de progressão (o texto precisa manter a unidade temática e se desenvolver apresentando argumentos renovados), a terceira é a de não-contradição (não contradizer as idéias postas anteriormente no texto) e a quarta regra é a de articulação (propõe o encadeamento das idéias dentro do texto). A autora relata que essas regras de coerência são muito importantes para o ensino, pois promovem um leque de possibilidades para os professores trabalharem os textos com seus alunos em sala de aula, basta que se mantenham flexibilidade, no sentido de considerar a diversidade de gêneros e tipos textuais. Isso certamente possibilitará maior facilidade para os estudantes ao produzirem seus textos, visto que não haverá uma maneira específica de elaboração ou de interpretação dos enunciados, o que permite a inserção de recursos inovadores. 

Costa Val conclui seu texto dizendo que os princípios de coesão e coerência são aplicados ao texto à medida que conseguimos entender os enunciados que nele estão inseridos. As maneiras de se interpretar a textualidade são múltiplas, mas se compreendermos sua essência e a colocarmos em prática, não restará dúvida que permitiremos a entrada de caminhos mais promissores para a área de ensino.

COSTA VAL, M da G. Repensando a textualidade. In: AZEREDO, J. C (org.) Língua portuguesa em Debate: conhecimento e ensino. Petrópolis: Vozes, 2000.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Síntese:

           

                            
             A coesão como propriedade textual: bases para o ensino de texto
                                                                            
                                                                                               (Antunes, 2009)


O artigo "a coesão como propriedade textual: bases para o ensino de texto" de Irandé Antunes trata do estudo do texto e suas propriedades dando ênfase a coesão, bem como a importância de seu estudo dentro da sala de aula. A autora defende questões da Linguística Textual, e relata que essa deve alcançar a totalidade de seu objeto de investigação e apreender a dimensão global da língua como sistema virtual e de interação sociocomunicativa. Esse sistema se realiza por meio da textualidade o que prioriza o estudo do texto e suas propriedades. A coesão é uma dessas propriedades que dão continuidade semântica necessária à sua coerência linguística, visto que a textualidade é o modo pelo qual os sistemas da língua assomam à condição de atualização. A mesma constitui um conjunto de dispositivos de organização da superfície da linguagem do texto que promove a ordenação dele se ajustando ao sentido almejado. Como afirma Charroles (1978.p.12), citado por Antunes, "não se pode interrogar sobre a coerência de um texto sem ter em conta a ordem de aparecimento dos segmentos que o constituem".

Além disso, a coesão estabelece no texto um curso bidimensional de relações as quais promovem o segmento da microestrutura (segmento) no nível completo da macroestrutura (completo), dando sua relevância comunicativa e estabelecendo o sentido entre as partes que o compõe. A autora se apóia em Adam e Caron para mostrar que a coesão também se define como dispositivo relacionado a progressão do texto por está interligada com a continuidade. Assim essa propriedade dar sentido a unidade textual ancorando os elementos estabelecidos ou sedimentado, no entanto, não preenche a globalidade das exigências requeridas para o caráter da pertinência comunicativa desse. Isso acontece porque a unidade temática do texto resulta de processos de formulação e reformulação, caracterizados por operações que regulam a inclusão de novas propriedades estratégicas de controle que o enunciador exerce sobre o texto quando representa ou altera esses elementos. Dessa forma, a coesão depende mais de princípios do que de regras puramente gramaticais.

Conforme a autora, a primeira função da propriedade da coesão é definir a continuidade superficial do texto que é provida pelos recursos coesivos léxico-gramaticais e que interfere na criação de um novo texto possibilitando ao leitor a reconstrução da unidade pretendida. E a segunda função é a indicação dos fundamentos macroestruturais do texto, com referências aos quais se pode reconhecer a sua unidade temática ou de suas partes. Essas duas funções citadas, se relacionam com a dimensão local dos vários segmentos do texto com sua totalidade. Com base em argumento de Holliday e Hansan (1976) e Beaugrande e Dressler (1981), a autora fala que a relação implicada na coesão do texto é semântica, ou seja, a continuidade da superfície que essa propriedade cria, ocorre pelas relações semânticas que ligam os vários elementos superficiais, além de propiciar a unidade textual sua relevância comunicativa.

Antunes discute o problema que as escolas enfrentam ao se tratar de estudo dos textos, porque quando é direcionado o estudo gramatical, os trabalhos são de análise de frases sintática e morfológica. Isso é, não estudam as funções estabelecidas por cada uma das entidades linguísticas encontradas no texto e suas propriedades. A autora conclui se artigo justificando esse problema: as escolas seguem padrões de ensino inadequados para a aprendizagem correta de seus alunos e estes não saem delas tendo o conhecimento que deveriam. E para que haja maior aproveitamento das atividades educacionais, é necessário da ênfase ao estudo do texto com suas propriedades, especialmente as mais utilizadas: a coerência e a coesão, bem como uma preparação para os educadores para abordagens dessas questões em sala de aula.

ANTUNES, Irandé.  A coesão como propriedade textual: bases para o ensino de texto         CalidoscópioVol. 7, n. 1, p. 62-71, jan/abr 2009 © 2009 by Unisinos - doi: 10.4013/cld.2009.71.06

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

"Tudo vale a pena quando a alma não é pequena."
                                                    
                                    ( Fernando Pessoa)